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SAÚDE

Leucemia: apenas uma vírgula em uma história amparada pela solidariedade

Enquanto realiza as sessões de quimioterapia, Rosangela parece só, mas não está. A luta da servidora conta com o apoio do prefeito, de toda administração municipal e de muitos outros toledanos.

11/02/2014 - 20:33


Atualmente é comum que as pessoas vivam na correria em busca daquilo que a sociedade prega como objetivo comum de vida. Qualificação profissional, emprego, dinheiro, sucesso... E de repente essa mesma vida, louca e corrida, nos surpreende com um questionamento. Em prol do que é tudo isso? Rosangela Andrioli dos Santos, 38, assim como a maioria absoluta das pessoas viveu por anos essa ilusão, até que uma descoberta revolucionou sua existência. Em junho de 2012 a servidora pública municipal descobriu ter Leucemia (câncer que afeta as células brancas do sangue). Após seis meses de tratamento a cura parecia ter sido alcançada, quando cinco meses depois a doença voltou e exigiu mais seis meses de tratamento. A luta que novamente parecia vencida, reiniciou uma nova batalha em janeiro de 2014, apenas dois meses após a última melhora. Hoje, Rosangela corre contra o tempo e seu único objetivo é mais um dia de vida.

Desistir nunca esteve nos planos. Mãe de dois filhos, Eduardo Henrique de 18 anos e Tomas Augusto de apenas quatro, e esposa dedicada, Rosangela trocou as salas de aula que presidia na Escola Municipal Antônio Scain, no Jardim Filadélfia, pelos consultórios médicos. A nova fase de tratamento é por tempo indeterminado. Enquanto realiza ciclos de cinco dias seguidos de quimioterapia intercalados por descanso de 28 dias, a professora espera pelo transplante de medula óssea que poderá mudar seu destino e de sua família. “A solução para minha doença agora é o transplante que infelizmente não pode ser dos meus familiares por incompatibilidade, mas ainda sim, de outros doadores”, afirma com fé.  
Há mais de um ano afastada do trabalho, Rosangela que sempre demonstra firmeza e esperança, não vê a hora de retornar a ativa. Para ela “uma das coisas que mais faz falta é o convívio das pessoas, dos alunos, dos colegas de trabalho e quase não poder sair de casa devido à baixa imunidade”. Saudade recíproca para quem convivia cotidianamente com a professora. O sentimento mobilizou a administração municipal de Toledo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SMED) – da qual a servidora integrava o quadro funcional –, que iniciou uma verdadeira corrente pela vida.
Foi baseada na luta da colega, que a secretária de Educação, Tania de Grandi e a coordenadora de Alfabetização e Letramento da SMED, professora Silvana Martines, buscaram por informações e incentivaram o prefeito Beto Lunitti e cerca de 40 servidores da pasta a realizar conjuntamente no Hemocentro do município, a doação de sangue e/ou a coleta de uma amostra sanguínea (10 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador de medula óssea).
Apesar de não contarem com a carta de indicação médica – que aponta ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) a prioridade pela paciente – por não se tratarem de parentes sanguíneos de Rosangela, todos seguiram em frente nesta terça-feira (11) e lotaram o Banco de Sangue do município. Os candidatos a doadores de medula óssea serão inseridos diretamente no cadastro do REDOME, o que, para Rosangela, é uma grande prova de solidariedade e a revigora para seguir adiante. “Mesmo que não possam me doar a medula óssea, eles estarão possivelmente contribuindo para a vida de outras pessoas que estão na mesma situação e isso já vale a pena para mim e certamente para eles”. Com o cadastro, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação.
Enquanto aguarda um resultado positivo do tratamento e o transplante de medula óssea, Rosangela Andrioli aproveita a companhia familiar e dos amigos e colegas, que apreendeu a valorizar ainda mais. E sonha em retornar as salas de aula para ensinar muito mais do que simplesmente disciplinas curriculares às crianças toledanas. Ensinar sobre as pequenas coisas da vida.
 
Exemplo
Para mostrar à população toledana a importância do ato, a mobilização contou com o apoio integral do prefeito Beto Lunitti que se sensibilizou, aceitou o compromisso e deu exemplo. Beto chegou cedo ao Banco de Sangue de Toledo na terça-feira (11) e foi um dos primeiros a fazer o cadastro e realizar a doação de sangue. Além disso, o prefeito se cadastrou como candidato a doação de medula óssea.
A atitude foi motivada pela história da servidora pública, Rosangela Andrioli dos Santos, mas tomou proporções muito maiores. “Essa iniciativa da Secretaria de Educação é louvável, pois demonstra justamente aquilo que queremos, um governo mais humano. O interessante é que a partir dessa história muitas pessoas que nunca doaram sangue tomaram essa decisão, e mais, algumas como eu assumiram o compromisso e se candidataram a doares de medula óssea”, afirmou ao destacar que o objetivo é não só ajudar a Rosangela, mas todas as pessoas que precisam desse auxílio, em especial os próprios toledanos.
 
Uma ação pela vida
Com base no próprio depoimento da professora e paciente Rosangela dos Santos, a Secretaria de Educação iniciou um trabalho intersetorial com a Secretaria de Saúde e o Hemocentro de Toledo, que deverá realizar um trabalho de conscientização quanto à doação de sangue e de medula óssea na rede municipal de ensino. O trabalho iniciará com palestra ministrada pelo coordenador do Hemocentro, Ayres Dela Bernadino Neto, para os diretores das escolas. “Queremos desmistificar esses procedimentos para a população em geral e porque não tratar isso como educação cidadã? Essa é uma conscientização pela vida”, explicou a secretária de Educação, Tania de Grandi.
 
Depoimentos
Uma das primeiras na fila de doação de sangue foi à coordenadora de Tecnologias da SMED, professora Michelle Bedin, que também realizou o cadastro para se tornar candidata a doação de medula óssea. Para ela, a história da colega foi o estímulo que faltava. “Já passei por um problema de saúde familiar com o meu pai, que necessitou de doações de sangue e junto com minha família conversamos muito a respeito da doação de medula óssea, mas sempre tivemos receio. Porém, depois dessa mobilização e das orientações, me decidi”, comentou ao lembrar que a intenção é atender quem precisa e saber que fez a diferença na vida de uma pessoa.  
A ação foi muito bem recebida pelos profissionais do Hemocentro de Toledo, para a recepcionista, Andrea Pleitsh, o resultado deverá contribuir com muitas vidas. “Isso é muito interessante, pois faz com que a população se mobilize para ajudar outras pessoas do município”. O sangue doado repõe, por exemplo, o estoque que foi utilizado inclusive pela Rosangela e garante o atendimento em outras ocasiões. No fim, a lição levada refere-se ao valor de uma amizade e o resultado: é a vida.
 
Passo a passo para se tornar um doador de medula óssea
- Qualquer pessoa entre 18 e 54 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, sob anestesia, e se recompõe em apenas 15 dias.
- Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5 a 10ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.
- Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante.
- Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.
- Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de UMA EM CEM MIL!
- Por isso, são organizados Registros de Doadores Voluntários de Medula Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.
- Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.
- A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo.
- É muito importante que sejam mantidos atualizados os dados cadastrais para facilitar e agilizar a chamada do doador no momento exato.
O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral e requer internação de, no mínimo, 24 horas.

Da Assessoria - Toledo

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