A PEC, que pretende congelar por 20 anos as despesas primárias do Estado, em áreas como Educação, Saúde e Segurança, deve ser votada pelo Senado Federal, em primeiro turno, nesta terça-feira (29).
No início do mês, o MP-PR já havia divulgado nota de repúdio à medida. O documento foi apresentado na abertura do Seminário Estadual “Direitos Humanos – Avançar sem Retrocessos”, promovido pelo MP-PR, em Curitiba, que prossegue nesta terça-feira, 29 de novembro.
Acompanhe a transmissão AO VIVO, a partir das 9 horas.
Moção – “Reconhecemos a necessidade de medidas para racionalizar os gastos públicos, mas isto não pode implicar em cortes que atinjam direitos fundamentais, notadamente da população menos assistida, que depende de investimentos em áreas essenciais”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Ivonei Sfoggia, ao abrir as discussões sobre a PEC. O procurador-geral destacou que os gastos com políticas sociais hoje já se mostram insuficientes ao atendimento da população de forma condizente ao que é assegurado pela Constituição Federal. “Se efetivada a proposta de congelar estes recursos por duas décadas podemos contar com o colapso dos sistemas de saúde, educação, segurança e assistência social. Isso vai se refletir em prejuízo severo para toda população. Um país com educação e saúde deficientes é um país ainda mais violento e desigual”, avalia Ivonei.
Mesa de debates – O texto foi aprovado após uma mesa de debates sobre a PEC 55/241 e suas consequências para o país, no âmbito da programação do seminário. As discussões tiveram a participação do coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, procurador de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do representante da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), promotor de Justiça Nilzir Soares Vieira Júnior, do consultor legislativo do Senado Federal, Ronaldo Jorge Araújo Vieira Júnior, do bispo Dom José Antônio Peruzzo, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e do economista Eduardo André Consentino, do Conselho Regional de Economia do Paraná.
Foram destacados pelos debatedores, em diversos aspectos, os efeitos nocivos da medida e os graves prejuízos sociais que ela impõe, sobretudo à parcela mais vulnerável da população. “A PEC é um retrocesso sem precedentes em relação às conquistas obtidas nos 28 anos de vigência da Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã”, ressalta Olympio. “Sustento que o lugar dos direitos humanos fundamentais, como saúde, segurança, educação e assistência social, entre outros, é nos orçamentos públicos, que serão impactados diretamente se a medida for aprovada”, afirma o procurador, que destacou ainda em sua fala o caráter desigual da medida. “A PEC só não congela os recursos destinados ao sistema financeiro, ao pagamento da dívida pública, às renúncias e incentivos fiscais, salvaguardando, assim, os interesses daqueles que já se beneficiam da estrutura social injusta estabelecida no país”, diz Olympio.
Confira logo abaixo a íntegra da Moção de Repúdio à PEC 55/241.
Ouça também declarações em áudio dos debatedores a respeito da medida.
MP e Direitos Humanos – O evento prosseguiu às 19 horas, com a palestra “Direitos Humanos e Ministério Público”, proferida pela presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), e procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás, Ivana Farina. A mediação foi realizada pela promotora de Justiça Mariana Seifert Bazzo, coordenadora do Núcleo de Promoção da Igualdade de Gênero (Nupige), do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nupier) e do Núcleo LGBT do MP-PR.
Nesta terça-feira (29) – A programação do seminário tem continuidade nesta terça-feira, 29 de novembro, a partir das 9 horas com mesa temática “Direito à moradia e população em situação de rua”. Na sequência, às 10h30, será tratado o tema “Direitos da População LGBT”. No período da tarde, às 14 horas, será realizado o debate “Segurança Alimentar e Política Agrária”. Em seguida, às 16 horas, a mesa terá como tema “Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais”. O evento prossegue até quarta-feira (30). Confira aqui a íntegra da programação.
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