O Coletivo 10Caminhos - originado em um projeto de pesquisa com o mesmo nome e coordenado pela professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Karine Queiroz - foi contemplado com o Prêmio Ouro na modalidade sustentabilidade da Feira Internacional de Ciência Aplicada, Invenções e Inovações (Innovacities Latino América), realizada em Toledo/PR.
Para as integrantes do coletivo, o prêmio foi um reconhecimento ao trabalho feminino – o grupo é formado unicamente por mulheres – e ao esforço de construção de novas realidades a partir do reaproveitamento de materiais. “Ganhamos reconhecimento. No meio daquelas tecnologias e equipamentos, a gente chamou a atenção”, diz Maria Pereira da Silva, integrante do grupo de artesãs.
O projeto 10Caminhos, desenvolvido com a comunidade da Vila C, tem como proposta transformar materiais doados pela Receita Federal e por outras entidades em novos produtos. Além de relógios, que são transformados em pulseiras, colares e chaveiros, o Coletivo transforma tecidos doados em peças de vestuário e acessórios como bolsas.
“O mais incrível é que o nosso estande era o único estande de mulheres. Foi um prêmio recebido por um coletivo só de mulheres, num espaço em que há tradicionalmente homens. Foi uma ocupação de espaço desde a perspectiva de tecnologia social e desde a perspectiva de gênero. De mulheres ocupando espaços de homens”, analisa Florencia Diaz Segovia, estudante de Ciências Econômicas – Economia, Integração e Desenvolvimento e bolsista do projeto.
Recentemente, o projeto recebeu certificação como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil. Além da transformação socioeconômica e cultural, o 10Caminhos tem uma preocupação com questões ambientais, como destaca Karine Queiroz. “O 10Caminhos é uma tecnologia social e, estando ali, na feira, ao lado de equipamentos e máquinas, não deixou de fazer uma crítica à própria tecnologia e à insustentabilidade dos processos produtivos. A gente mostra que é a sensibilidade que transforma”, diz. “A crise ambiental tem origem na distância entre as tecnologias e as pessoas. Estávamos ali como uma bandeira chamando à sensatez, representando o saber fazer, que é o que efetivamente vai tirar o planeta da crise ambiental.”