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EDUCAÇÃO

Surdos: quando a acessibilidade se trata da comunicação

O tema da redação do ENEM este ano pegou muitos de surpresa, mas foi motivo de alegria para os estudiosos da educação para surdos

06/11/2017 - 18:29


Quando se fala de acessibilidade a primeira coisa que se pensa em debater é a construção de rampas, corrimão, calçadas... Mas e quando a acessibilidade se trata de comunicação? Essa é a realidade de aproximadamente 9,7 milhões de pessoas, que têm deficiência auditiva no Brasil. “Muitas vezes o surdo passa despercebido pela sociedade, por isso tratamos essa escolha como uma vitória”, relata Denize Debus de Melo, diretora da Associação de Pais e Amigos de Deficientes e Amigos de Deficientes Auditivos (APADA) de Toledo sobre a escolha do tema do Exame Nacional do Ensino Médio deste ano, em que atuou como fiscal de prova, no último domingo (05).

O tema da redação – Desafios para a Formação Educacional de Surdos no Brasil – foi, para muitos, uma surpresa. No entanto, para os especialistas em educação para surdos a escolha foi motivo de comemoração. E não só ela, a postura do Ministério da Educação, também. Neste ano o ENEM disponibilizou notebooks para que os surdos realizassem a prova inteira na linguagem dos sinais. Antes, era utilizado apenas um interprete que sinalizava apenas o repasse de recados pelo chefe da sala. “Na entrega da prova o surdo não podia ter acesso a nenhum tipo de informação, a não ser as palavras que ele desconhecia. Então o interprete somente o situava na questão. Já este ano a prova foi toda sinalizada para eles”, conta.

O Brasil regulamenta a obrigatoriedade de interpretes para surdos há 15 anos com a Lei de Libras e há dois anos com a Lei Brasileira de Inclusão. Em Toledo, no oeste do Paraná, Denize diz que a carência de interpretes no âmbito educacional está sendo suprida. “Porém para o atendimento em órgãos públicos, como postos de saúde, por exemplo, ainda não há profissionais suficientes. Já nas escolas geralmente há o interprete que faz a ponte entre o professor e o aluno ou então há um professor bilíngue que domine a linguagem dos sinais”.

Para ela, a redação do ENEM foi fundamental no aprofundamento das discussões necessárias para garantir os avanços que ainda faltam. “Tivemos um dia de reflexão nacional, e o melhor, de jovens que serão o nosso futuro”.

APADA

A APADA em Toledo atende 43 crianças e adolescentes matriculados na política de educação e mais 120 usuários, por meio da assistência social, que necessitam de acesso a comunicação de libras. Além da parte educacional para crianças da pré-escola até o 5º ano, a associação ainda oferece o atendimento especializado no contraturno escolar para adolescentes de Escolas Estaduais. Lá são abordados os mesmos conteúdos passados nas escolas regulares, porém com a linguagem brasileira de libras. Entre as demais atividades também são realizados projetos culturais, artísticos e esportivos. Ao todo, 10 professores colaboram com a associação.

A APADA é mantida por uma associação através de um convênio com a Secretaria Estadual de Educação (SEED). Entretanto, o convênio está suspenso devido a irregularidades na prestação de contas apontadas pelo Controle Interno. “Com isso o Estado está mantendo apenas o repasse técnico para o pagamento de alguns funcionários”, conclui Denize.

Da redação - Daniel Felício

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