O técnico do Deral comenta que a quebra na produção de milho americano, apontado no relatório da USDA é decorrente a falta de tempo hábil para semear o grão. Em conseqüência, aumentou a área de soja. “O clima foi desfavorável e, logicamente cresce a área para a soja e há um aumento de oferta de soja, mas no caso do milho, onde havia os estoques extremamente ajustados e os preços batendo todos os recordes, principalmente os preços externos do milho, agora há um cenário para aumentar ainda mais os valores. Esta é a tendência, porque trabalhar com a expectativa da diminuição de 8 milhões de toneladas da safra americana, imagina na oferta mundial, o que deve impactar nas exportações brasileiros daqui para a frente”.
Nogueira salienta que o Brasil trabalhava com a expectativa de exportar 9 milhões de toneladas, mas como se vive um momento de oferta menor e, com isso, ganhando um espaço maior, o quadro deve ficar um pouco pior para quem precisa do milho e ótimo para o produtor de milho. “Está era uma tendência para este ano, mas não esperávamos que isso ocorresse logo no mês de junho, em plena semeadura da safra Americana este quadro de ajuste de estoque ficar tão claro”. Nogueira enfatizou que este quadro é preocupante para o produtor de suíno ou frango, principalmente na região que são locais que mais industrializam estas carnes.
A notícia da USDA deixa o mercado de exportações, ainda mais favorável aos produtores do grão, por outro lado a vida dos produtores de frango e, em especial, de suínos fica mais difícil. O que complica ainda mais, com as medidas adotadas pela Rússia, que proíbe a importação de carne de 89 empresas brasileiras.
O técnico do Deral explica que a Rússia é uma grande importadora de carne bovina, suína e de frangos, mas particularmente para a região Oeste vai impactar o setor de suínos. Nogueira aponta que há internamente uma oferta maior que a demanda e, por isso, que os preços estão baixos. “Agora, o maior mercado exportador, o russo, está fechando as portas para o Brasil. O Governo federal por meio do Ministério da Agricultura está encaminhando uma missão à Rússia para negociar e verificar o que está acontecendo”.
Nogueira afirmou que os russos alegam que não está ocorrendo no País um trabalho sanitário no tocante a parte veterinária adequado para eles, principalmente no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso (os três estados afetados). “Nós não vemos desta forma e as missões terão que resolver rapidamente, porque a produção está sobrando no mercado e uma das formas para conseguirmos uma boa liquidez na suinocultura é a exportação para a Rússia, pois 30% desta carne vai do Brasil para lá e a maioria do País é da região Oeste e Sudoeste do Paraná”.
Refém das exportações
Segundo Nogueira a suinocultura é refém do mercado russo. A mesma situação não se repete com o frango, porque o Paraná possui uma pauta de exportação diversificada. A carne é exportada para a Rússia, Europa, Ásia, Oriente Médio. Ele afirmou que a pauta da suinocultura deve ser melhor diversificada. “A oferta deve ser adequada a demanda. A suinocultura sempre dependeu muito do mercado interno e, em um momento de baixa oferta ou quando ocorre uma melhoria da renda e o preço sobe existe uma reposição muito imediata do rebanho e acaba a oferta interna sendo maior que a demanda e os preços caem”.
O consumo interno da carne suína não ultrapassa a 16 quilos/per capita. “Seria normal termos o consumo per capita de 30 quilos. É uma luta da Associação dos Suinocultores para aumentar o consumo interno. O produto não chega a mesa dos brasileiros por questões de marketing, preço e outros gargalos que não conseguiram ser rompidos internamente. Por sua vez, o que está dando suporte para a atividade são as exportações, por isso, este embargo da Rússia é extremamente impactante”.
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Reportagem Selma Becker
Texto Graciela Souza/Selma Becker