Com o objetivo de fazer um resgate das ações de Políticas Públicas que foram trabalhadas durante todo o ano dentro do programa Cidade Empreendedora com os Comitês Gestores Municipais e Comitês Territoriais dos Territórios Oeste e do Cantuquiriguaçu, foi realizado no último dia 6 de dezembro, em Cascavel, o II Encontro Políticas Públicas para o Desenvolvimento Local, organizado pelo Escritório Regional do SEBRAE/PR, no oeste.
O objetivo era analisar ações de 2017 e prospectar 2018. E, em entre os mecanismos de resgate, uma das palestras tratou do enfrentamento à crise e as expectativas para curto e médio prazo. Dentro desta proposta, o economista Wilhelm Meiners lembrou que o empreendedorismo e o cooperativismo foram essenciais para segurar reflexos ainda mais agressivos da crise na região oeste do Paraná.
Para o especialista, a região manteve um posicionamento de vanguarda diante de todo o estado e diferente do cenário nacional, manteve empregos, com destaque para os municípios onde há um cooperativismo forte com registro de mais contratações do que demissões, e em municípios que desburocratizam os serviços e agilizam o processo para abertura de empresas.
Como uma média de 30 empresas para cada mil habitantes, a região oeste do Paraná também se destacou como um ambiente próspero e alinhado para o futuro em um avanço de diálogo entre os setores público e privado.
“Em regiões como o oeste, a crise tem efeitos menos nocivos, pois tem políticas bem consolidadas, além de ter como base o agronegócio e um setor forte ligado a ele, o cooperativismo, assim esta crise chega depois e vai embora antes”, avaliou.
“Por outro lado, em municípios como os localizados no Território do Cantuquiriguaçu, estão algumas das cidades mais pobres do estado e elas sofrem mais em momentos como este. O desafio é conseguir articular o desenvolvimento integrado, tanto destas cidades que crescem menos, quanto das que crescem mais e de forma ordenada”, seguiu o economista.
O evento reuniu, além de gestores públicos, a sociedade civil organizada, representantes de entidades de classe, como associações comerciais e membros dos Comitês Gestores Municipais e Territoriais.
A apresentação do economista também traçou um diagnóstico do que está por vir. “Não acreditamos em grandes recuperações no ano que vem, mas a melhora econômica já está sendo sentida de forma lenta e gradativa. Ainda temos um cenário de incerteza diante das eleições de 2018. A recuperação só deve ser sentida de fato em 2019 e na virada da década”, avaliou.
Para o coordenador de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae/PR, Luiz Marcelo Padilha, no caminho desta consolidação o que se precisa é olhar com atenção e dar apoio aos pequenos negócios proporcionando uma melhor distribuição de renda e o fortalecimento para a longevidade destas empresas.
“Apesar das estruturas de pequeno porte sentirem a crise, elas se rearranjam e seguem no mercado. O desafio é encontrar formas para beneficiar os pequenos negócios com políticas públicas de fomento, pois durante a crise elas mantêm o desenvolvimento”, salientou.
Segundo o coordenador, para melhorar um ambiente de negócios são necessárias as parcerias. “A prefeitura não faz nada sozinha, nem a associação comercial faz, muito menos o empresário”, observa Padilha.
Boas práticas e ações
Para que parte destas alternativas possa se concretizar, o gestor do Programa Cidade Empreendedora no oeste do Paraná, consultor do SEBRAE/PR, Adir Mattioni, lembra que entre os aspectos para o fomento dos pequenos negócios na região está o Escritório Regional de Compras Públicas. Ele pretende estimular micros e pequenas empresas, além de microempreendedores individuais, para que encontrem no poder público um espaço para fornecimento de seus produtos ou serviços.
A ideia de uma unidade regional é dar suporte aos municípios na estruturação de políticas públicas de desenvolvimento utilizando o seu poder de compra para impulsionar, principalmente, os pequenos negócios e a economia local, capacitar compradores e fornecedores para o correto cumprimento da legislação e dar ampla divulgação dos editais tornando os processos cada vez mais transparentes. A unidade será sediada, a partir de janeiro, na Associação Comercial de Cascavel. “Se conseguirmos aumentar em 10% as compras locais fazendo que permanecerem na região, será um ganho espetacular de quase R$ 100 milhões por ano”, avaliou.
Para a professora da Unioeste, Maria da Piedade Araújo, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Avançadas em Administração, Economia e Ciências Sociais, as possibilidades são válidas e devem ser estimuladas. Ela reconhece que a crise ainda não foi embora e vai perdurar pelo menos até as eleições do ano que vem, mas que alternativas precisam ser encontradas. “O envolvimento da sociedade e a participação dos agentes nos comitês gestores fazem que os municípios se desenvolvam de fato, esta é uma das alternativas”.
O presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caiopar), Leoveraldo de Oliveira, reconhece que os indicadores apontam para um início da recuperação econômica e que algumas condições favoráveis começam a surgir. “E este período fez com que avançássemos muito nas parcerias entre o setor público e o privado, há melhoras no processo da gestão pública e a integração com o privado. Isso fomenta o desenvolvimento e as parcerias como as feitas com o Sebrae, por exemplo, são essenciais para o desenvolvimento maduro e preparado”, destacou.
Certificação
Dos 120 participantes do encontro, pelo menos 60 participaram do programa Lideranças Cívicas e elas foram certificadas pela conclusão da capacitação realizada de setembro a novembro. Agora eles podem agir como multiplicadores das boas ideias para o desenvolvimento de seus municípios, a partir dos Comitês Gestores.
O encerramento do encontro contou com uma palestra do ex-diretor superintendente do SEBRAE/PR, o empresário Allan Costa que reforçou que todo e qualquer desenvolvimento territorial só ocorre de fato pelo envolvimento e a participação das pessoas. Que sem elas nada é possível.