A cerimônia é celebrada por haitianos tanto em sua pátria quanto ao redor do mundo, em países que recebem migração haitiana. Em Toledo, o evento foi realizado pelo Mouvman Ayisyen Lib e Endepandan (MALE), Embaixada Solidária e Secretaria de Políticas para Infância, Juventude, Mulher, Família e Desenvolvimento Humano (SMDH).
A festa foi uma das maiores do país e foi marcada por emoção do começo ao fim. Jovens abraçados e cobertos pela bandeira de seu país. Canções, danças, poesias e reflexões sobre um dos mais belos países do mundo, mas que enfrenta uma das piores crises humanitárias de sua história. Um almoço típico haitiano foi servido aos convidados e, na sequência, o cerimonial pediu um minuto de silêncio pela tragédia gaúcha. Uma bandeira do Rio Grande do Sul foi entregue às autoridades, em respeito ao estado brasileiro que mais recebe haitianos para recomeçar suas vidas.
O fundador do Mouvman Ayisyen Lib e Endepandan, Pierre-Erick Bruny, declarou que é a primeira vez que a comunidade haitiana residente em Toledo se mobiliza para a comemoração. “Essa data é um marco histórico de libertação do nosso país de um povo que estava profundamente oprimido, escravizado. A nossa identidade tem muito em comum com essa data. Haitianos no mundo inteiro comemoram essa festa e exaltam a nossa bandeira”, destaca Pierre.
“Atualmente o Haiti precisa de uma nova revolução. Infelizmente nossos algozes se fortaleceram e nosso povo precisa se unir pela retomada democrática do nosso país. Esse movimento já está se organizando na perspectiva de construir haitianos capazes e motivados para a reconstrução do Haiti. Muito além do que mostra a imprensa, o Haiti é um dos mais lindos e produtivos países do mundo, mas que não é visto pelo seu poder de cooperação. Temos muito o que oferecer, mas nossos desafios internos precisam ser superados”, conta o advogado Pierre-Erick.
Pierre tem unido jovens do mundo inteiro para uma intensa reflexão e planejamento sobre cidadania, história, cultura e política. “Somos muito gratos aos países que nos acolheram, mas quem saiu e conseguiu vencer precisa devolver a nossa contribuição ao nosso país. Temos milhares de conterrâneos que não conseguiram deixar o Haiti, seja por motivos pessoais ou mesmo por falta de possibilidades”, destaca.
A fundadora da Embaixada Solidária, a jornalista Edna Nunes, agradeceu à comunidade haitiana pelos dez anos de trabalho junto à instituição. “Não existe nada mais lindo que ver jovens se levantando, assumindo o protagonismo de reconstruir seu país e resguarda sua cultura. É um dia histórico, fundamental e que foi construído com o esforço de todos que estão aqui. Enquanto não reconstruímos o Haiti, o Brasil precisa ser uma casa respeitosa e incentivadores para todos”, descreveu a jornalista.
A HISTÓRIA - Vale destacar que o dia 18 de maio é celebrado como o Dia da Bandeira do Haiti, uma data significativa que carrega grande importância histórica e cultural para o povo haitiano. Este dia comemora a criação e adoção da bandeira haitiana, um símbolo de orgulho, resiliência e independência. A faixa azul simboliza a união dos cidadãos negros e mulatos, refletindo a diversidade e a união da população haitiana. A faixa vermelha representa a coragem e os sacrifícios feitos durante a luta pela independência. É importante mencionar que, na data de 18 de maio de 1803, Jean-Jacques Dessalines, que foi o pai da independência do Haiti, rasgou ao meio a bandeira francesa no Congresso de Arcahaie, unindo as cores vermelha e azul. A nova configuração simbolizava a união entre negros e mulatos. Depois, substituiu a parte azul pela cor preta. Foi assim que nasceu a bandeira do Haiti, um fato marcante no processo de independência do país.
BRAVURA - O Dia da Bandeira do Haiti serve como um lembrete da bravura e determinação demonstradas pelos revolucionários haitianos que lutaram contra a escravidão e a opressão. É um momento para honrar seu legado e celebrar a rica cultura e herança do Haiti. Nesse sentido, o 18 de maio é uma data fundamental para a comunidade haitiana em Toledo/PR. Ainda, é importante destacar que os migrantes haitianos são maioria na cidade de Toledo entre os outros.
DIREITOS HUMANOS - O promotor de Justiça, José Roberto Moreira, prestigiou o evento e afirmou que o Ministério Público se mantém atento na garantia dos Direitos Humanos. “Nosso trabalho é pautado em diminuir cada vez mais os acontecimentos marcados pelo preconceito racial, religioso de gênero e tantos os outros. O desejo é que a sociedade possa evoluir na garantia dos direitos e no respeito. Viver com liberdade, dignidade e em harmonia”, relatou Moreira, reconhecido pela intensa e importante atuação na garantia de direitos humanitários.
POLÍTICAS PÚBLICAS – O vice-prefeito de Toledo, Ademar Dorfschimidt, lembrou da importante contribuição da comunidade haitiana em Toledo e no Brasil. “Temos muito o que aprender com vocês, em especial sobre força, coragem e união. Toledo tem investido em política públicas que possam unificar nosso povo em uma mesma missão; a construção de uma sociedade com justiça social e respeito”, disse o vice-prefeito, que é filho de migrantes alemães.
Os mais de mil haitianos que vivem em Toledo concluíram o evento agradecendo à comunidade brasileira e às autoridades que, nestes mais de dez anos de convívio e acolhimento, foram fundamentais para o fortalecimento da comunidade e seus direitos. A intenção é que, juntos, brasileiros e os vários outros países que formam a comunidade toledana possam avançar na integração, garantia de direitos e na convivência harmônica e de trocas de experiências.