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ECONOMIA LOCAL

Cesta básica cai em Toledo, mas salário-mínimo continua insuficiente para sustentar uma família

De acordo com a pesquisa, o salário-mínimo necessário para cobrir todas as despesas básicas — alimentação, moradia, transporte, saúde e vestuário — deveria ser de R$ 5.363,09 em Toledo, o que equivale a 3,53 vezes o salário-mínimo vigente (R$ 1.518,00)

20/10/2025 - 18:42
Por Redação


Apesar da redução de 2,16% no custo da cesta básica em Toledo no mês de setembro, o alívio no bolso do trabalhador não é o suficiente. Segundo o Relatório de Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos da Unioeste/Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), o preço médio da cesta individual caiu de R$ 652,45 para R$ 638,39, mas o salário-mínimo permanece longe de atender às necessidades de uma família média.

O estudo mostra que uma pessoa que recebe salário-mínimo líquido (R$ 1.404,15) precisa destinar 45,46% da renda apenas para adquirir a cesta básica individual — o que corresponde a 92 horas e 31 minutos de trabalho no mês. Já a cesta básica familiar, calculada para uma família de dois adultos e duas crianças, chegou a R$ 1.915,16, representando 136,39% do salário-mínimo líquido.

“Um trabalhador que recebe um salário-mínimo não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, pois o custo ultrapassa o valor do salário-mínimo líquido em 36%”, destaca o relatório da Unioeste.

Sobe e desce de preços


A queda recente foi impulsionada, sobretudo, pela redução expressiva nos preços do tomate (-21,62%), da batata (-8,13%) e do pão francês (-5,16%). Entretanto, outros itens essenciais subiram, como banana (5,54%), óleo de soja (4,08%) e farinha de trigo (3,17%), o que manteve o custo geral elevado.

Nos últimos 12 meses, a cesta básica de Toledo acumula redução de -0,75%, refletindo um quadro de alta volatilidade e inflação persistente em alimentos, especialmente os de origem agrícola, sujeitos a variações climáticas e sazonais.

Salário-mínimo precisa ser o triplo do atual


De acordo com a pesquisa, o salário-mínimo necessário para cobrir todas as despesas básicas — alimentação, moradia, transporte, saúde e vestuário — deveria ser de R$ 5.363,09 em Toledo, o que equivale a 3,53 vezes o salário-mínimo vigente (R$ 1.518,00).

Na média nacional, o valor estimado pelo DIEESE foi ainda maior: R$ 7.075,83 em setembro de 2025, 31,94% acima do necessário em Toledo. A defasagem evidencia um descompasso persistente entre o rendimento dos trabalhadores e o custo real de vida no país.

Contexto nacional e regional


Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,48%, com destaque para o aumento nos grupos habitação (2,97%) e vestuário (0,63%), segundo o IBGE (2025).

No Paraná, o Índice de Preços Regional (IPR) mostrou redução de 0,33% no grupo “alimentos e bebidas”, acumulando alta de 5,98% em 12 meses, conforme o IPARDES.

Mesmo com o alívio pontual em alguns produtos, o poder de compra segue comprimido. Desde o início da série histórica da Unioeste, o custo da cesta básica aumentou 30,65%, passando de R$ 488,61 para R$ 638,39.
 No mesmo período, o salário-mínimo nacional passou de R$ 1.100,00 para R$ 1.518,00, um aumento nominal de 38%.

À primeira vista, o reajuste do salário parece superior, mas, na prática, o peso da alimentação no orçamento do trabalhador permaneceu praticamente o mesmo.
 Em 2021, o trabalhador destinava cerca de 44% do salário líquido para comprar a cesta básica individual. Hoje, precisa comprometer 45,46%.

Ou seja, o salário aumentou, mas o poder de compra não acompanhou o custo real de vida — e o trabalhador continua precisando de quase metade da renda apenas para se alimentar.

“O crescimento da inflação no grupo de alimentos tende a ter efeitos negativos mais significativos para a população de renda mais baixa, que constitui a maior parcela da população, pois essa utiliza parte substancial de sua renda para a compra de alimentos”, alerta o relatório.

Assim, a queda do custo da cesta básica, embora positiva, não representa melhora efetiva nas condições de vida — e reforça a urgência de políticas que ampliem o poder de compra, valorizem o salário-mínimo e assegurem o direito humano à alimentação adequada.

 

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