A busca por soluções que garantam o bem-estar dos animais e o aumento da produtividade leiteira reuniu cerca de 70 produtores de Toledo e região nesta sexta-feira (24), no auditório do Centro de Eventos Ismael Sperafico. O encontro, que teve o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Proteína Animal (Smap), foi promovido pela Universidade Rumo do Conhecimento – departamento da Rumo Nutrição Animal – e teve como foco o conforto térmico dos rebanhos.
O zootecnista Renato Palma Nogueira, especialista em produção e nutrição de ruminantes, conduziu a programação intitulada “Estresse Calórico: Não deixe o calor derreter seu rebanho”. Ao longo das exposições, ele abordou práticas de manejo, tecnologias e estratégias nutricionais voltadas à redução do estresse térmico, um dos principais desafios enfrentados pela pecuária leiteira moderna.
Entre outros assuntos, Renato falou sobre sucessão familiar, necessidade de atualização e gestão de recursos. “Só o conhecimento transforma. As palavras ‘sucessão’ e ‘sucesso’ têm a mesma origem e uma leva à outra. Por isso, fiquem sempre atentos aos filhos e netos, ensinando-os agora para assumirem os negócios quando vocês já estiverem cansados desta atividade desgastante”, aconselha. “Você só chega ao sucesso se souber por onde está indo, dando valor ao conhecimento, algo que hoje é mais importante do que já foi um dia, e sabendo investir com a mesma eficiência, por exemplo, dos produtores da bovinocultura de corte”, compara.
Além da atualização técnica, o evento também proporcionou momentos de troca de experiências e integração entre os participantes, que puderam discutir realidades distintas da produção leiteira regional e compartilhar soluções aplicadas em suas propriedades. Durante o intervalo das atividades, foi servido um almoço aos presentes.
Estresse térmico – Ao analisar o impacto do calor sobre a produtividade leiteira, o sócio-proprietário da Rumo Nutrição Animal, Juliandro Ostapechen, ressalta que a maioria dos rebanhos leiteiros da região é composto por vacas de raça de origem europeia, que sofrem mais com as altas temperaturas típicas da região. “O estresse térmico compromete diretamente o desempenho e a rentabilidade da atividade. O calor rouba a saúde e a reprodução da vaca, tirando principalmente dinheiro do bolso dos produtores”, salienta. “A nossa região é subtropical, com pelo menos nove meses de temperaturas que agridem a vaca, tirando potencial produtivo e capacidade imune”, completa.
O empresário também chama atenção para a oscilação dos preços do leite e a necessidade de o produtor buscar eficiência como estratégia de sobrevivência econômica. “O mercado é baseado na lei da oferta e procura: tem meses que sobe o preço, tem meses que baixa”, observa. “Quando baixa o preço, o produtor tem que ter mais leite no resfriador. E, se há alternativas para combater os efeitos negativos do estresse térmico, talvez esse seja o ponto mais importante que a cadeia leiteira precisa prestar atenção”, acrescenta.
Políticas públicas – O evento foi prestigiado pelo secretário da Agricultura e Proteína Animal, Luiz Carlos Bombardelli, que falou na abertura sobre os desafios da pecuária leiteira, na qual ele atua como produtor, bem como a respeito das atividades que a pasta tem realizado em prol do setor no âmbito municipal. “Toledo perdeu 40% de sua produção leiteira nos últimos nove anos, sendo a rentabilidade um dos principais fatores dessa redução. Por isso, todo evento que traz alguma ação para melhorar o manejo das vacas de leite é muito importante”, observa. “Um dos fatores que reduz a produtividade e aumenta os custos é o fator calórico, porque as vacas gastam muita energia para se refrescar durante um dia quente, e, com isso, diminuem a produção de leite, reduzindo naturalmente a rentabilidade do produtor”, pontua.
Ao abordar as medidas adotadas pelo município para reverter esse cenário, Bombardelli ressalta que a cadeia leiteira é hoje uma das prioridades da gestão. “Nós já contratamos uma médica veterinária para identificar todos os produtores de leite de Toledo. A partir dessa segmentação, poderemos entender as necessidades de pequenos, médios e grandes proprietários e orientar políticas mais eficazes”, explica. “Temos uma parceria com o Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural], por meio da qual vamos dar assistência técnica, da porteira para dentro, pelo período de dois anos, a 38 produtores. Assim, eles terão a oportunidade de reduzir custos, otimizar a produtividade e melhorar sua rentabilidade”, comenta.




