Casa de not%c3%adcias   1144 x 150  %281%29

CIDADANIA

Embaixada Solidária conquista o Prêmio Fiep de Jornalismo com reportagem sobre segurança alimentar e o papel da indústria no recomeço de migrantes e refugiados

A reportagem foi escrita pela jornalista Edna Nunes, fundadora e presidente da Embaixada Solidária. Edna venceu na categoria Jornalismo Independente e doou integralmente a premiação ao Projeto Segurança Alimentar 360º – Desafio Perda Zero (IBRF)

26/10/2025 - 17:58
Por Assessoria


O auditório do Campus da Indústria, em Curitiba, foi palco de uma noite memorável na última terça-feira (21). O Prêmio Fiep de Jornalismo 2025, um dos mais importantes do país, reconheceu o trabalho da Embaixada Solidária e da jornalista Edna Nunes, vencedora na categoria Jornalismo Independente, com a reportagem “Segurança Alimentar 360º – Migrantes reescrevem histórias, impulsionam a economia e alimentam esperanças no Paraná.”

A reportagem premiada retrata o impacto do Programa Segurança Alimentar 360º – Desafio Perda Zero (IBRF), desenvolvido pela Embaixada Solidária, organização que há mais de uma década atua na inclusão de migrantes e refugiados no mercado de trabalho, unindo solidariedade, inovação e sustentabilidade. A sede do Programa de Segurança Alimentar é a Cozinha Mundo, construída com recursos de edital de Fundação Cargill, uma semente que tem rendido bons frutos e inspirado muitas outras pessoas e organizações. 
 O texto revela como o reaproveitamento de alimentos e a força da indústria paranaense têm se transformado em pontes de recomeço e dignidade para milhares de pessoas que reconstruíram suas vidas no Brasil.

Com esta conquista, Edna Nunes soma 15 prêmios de jornalismo em sua carreira — todos doados integralmente a projetos sociais. Cada troféu representa um gesto de devolução à sociedade e reforça a coerência entre sua trajetória profissional e o compromisso humanitário que conduz a Embaixada Solidária.

Da Cozinha para o Mundo

A reportagem mergulha nas histórias reais de migrantes que encontraram na gastronomia e na indústria caminhos de recomeço. Entre elas, a de Amsato Seye, mãe senegalesa de seis filhos, que trabalha em uma indústria e guarda parte do salário para trazer sua família do Senegal; e a de Iscardely Nicolas, jovem haitiana que, através da Cozinha Solidária, constrói um futuro de segurança alimentar para sua filha, Emily.

O texto também apresenta números que evidenciam a força da inclusão produtiva: entre 2018 e 2022, 8.379 migrantes ingressaram no mercado formal paranaense, sendo 38,8% absorvidos pela indústria e cerca de 30 mil atuando em cooperativas.
 Empresas como a Fiasul, com 34% de migrantes em seu quadro, são exemplos de que desenvolvimento e empatia podem caminhar juntos.

“O impacto do programa vai muito além da economia. Quando vejo migrantes e refugiados encontrando dignidade através do trabalho e da alimentação, tenho certeza de que estamos cumprindo um papel maior: garantir que cada pessoa seja respeitada”, destacou Luiz Albuquerque, coordenador do programa.

“A história da minha família começou quando minha avó trocou seu colar de pérolas por pães. Hoje, ao empregar migrantes e apoiar o programa Segurança Alimentar 360º, renovo esse legado. Não é apenas responsabilidade social — é memória, é justiça histórica, é humanidade”, afirmou Rainer Zielasko, CEO da Fiasul.

 

Da notícia ao gesto

Edna recebeu o prêmio profundamente emocionada e anunciou, ainda no palco, que doaria integralmente o valor da premiação ao próprio programa que inspirou a reportagem — o Segurança Alimentar 360º – Desafio Perda Zero (IBRF).
 O gesto, aplaudido de pé, foi considerado o momento mais simbólico da noite.

“Este prêmio não é apenas meu. Ele pertence a cada mulher e homem que transforma sobras em alimento, fome em oportunidade e dor em esperança. O verdadeiro jornalismo é aquele que devolve à sociedade aquilo que ela nos entrega: humanidade”, declarou Edna, com a voz embargada.

Durante o discurso, a jornalista também prestou homenagem aos colegas que abordaram o tema da migração e do refúgio, reforçando a importância de um jornalismo comprometido com as transformações sociais.
 Em seguida, dedicou o prêmio aos mais de 30 mil migrantes que, todos os dias, constroem o Estado do Paraná e fazem da diversidade uma força econômica e humana.

A entrega oficial da doação acontecerá no dia 3 de novembro, na sede da Embaixada Solidária, em Toledo, simbolizando o retorno do prêmio à causa que o inspirou.

 

Paraná: economia e solidariedade no mesmo prato

O Paraná tem se consolidado como referência nacional em reaproveitamento alimentar e inclusão de migrantes no setor produtivo.
 O Programa Indústria Acolhedora (Fiep/Sesi Paraná) orienta empresas a desenvolver políticas de acolhimento e trabalho digno, prevenindo situações de exploração e estimulando a integração cultural e econômica.
 Empresas e cooperativas se tornaram verdadeiras pontes de recomeço, garantindo produtividade e fortalecendo comunidades inteiras.

Entre os parceiros do programa, duas vozes se destacam pelo envolvimento direto na transformação da realidade alimentar do Oeste do Paraná:

“Quando cozinhamos juntos, percebemos que a indústria é mais do que produção: é inclusão. Segurança alimentar é dignidade hoje e certeza amanhã. Cada alimento que seria desperdiçado e encontra uma nova mesa é uma vitória para todos nós — para quem doa, para quem recebe e para quem acredita em um futuro mais humano e sustentável”, afirmou Caique Eduardo, representante do Instituto BRF, instituição parceira na logística e no reaproveitamento dos alimentos.

“Cada doação é mais do que comida. É futuro. O Paraná sempre produziu para o mundo; agora também alimenta vidas e esperanças. Em cada cesta entregue, existe a força de muitas mãos — da indústria, das cooperativas, das entidades e dos migrantes que hoje fazem parte dessa nova economia solidária”, destacou Edson Pimenta, do Banco de Alimentos de Toledo.

Nos últimos seis meses, o Banco de Alimentos distribuiu 115 toneladas de hortifrutis, em parceria direta com a Embaixada Solidária, convertendo sobras industriais em alimento, aprendizado e dignidade.

Um prêmio que volta para a mesa de quem precisa

Promovido pelo Sistema Fiep, o Prêmio Fiep de Jornalismo reconhece reportagens que evidenciam o papel da indústria e do cooperativismo na construção de um mundo mais sustentável, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
 Em 2025, o concurso recebeu mais de 300 inscrições de profissionais de todo o país, reafirmando seu prestígio entre os maiores prêmios de jornalismo do Brasil.

Ao final da cerimônia, Edna Nunes desceu do palco sob aplausos demorados, levando nas mãos não apenas um troféu, mas o símbolo de uma jornada inteira dedicada à causa humanitária. O movimento migratório é um dos temas centrais da carreira e da vida da jornalista toledana. 

Reconhecida nacionalmente como uma das jornalistas brasileiras mais atuantes na pauta da migração e do refúgio, Edna tem o coração na causa que escolheu defender — e a escrita como ponte entre mundos.
 Sua trajetória profissional se confunde com a missão da Embaixada Solidária, que há mais de uma década acolhe, forma e integra migrantes e refugiados em solo paranaense.

Naquele momento, a emoção transbordou em palavras simples, mas carregadas de sentido:

“É deles que vem a força, a coragem e a esperança. Eles me ensinaram que toda travessia pode ser recomeço.”

Edna falou como quem conhece a dor e a beleza do exílio. Falou como quem aprendeu, ao longo de tantos encontros, que a solidariedade é o idioma universal da humanidade.

Anuncio gene 2