O auditório do Centro de Eventos Ismael Sperafico, em Toledo, foi palco, na manhã desta quinta-feira (30), de uma discussão que aponta para o futuro da matriz energética regional. Em evento apoiado pela Secretaria Municipal de Agricultura e Proteína Animal (Smap), pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentaram um projeto que busca potencializar a produção de biogás e biometano a partir dos resíduos da suinocultura.
O estudo, coordenado pelo pesquisador Airton Kunz, da Embrapa/Suínos e Aves, sediada em Concórdia (SC), propõe o uso de biomassa complementar, especialmente o capim-elefante e o sorgo, para ampliar a eficiência dos biodigestores. Segundo os técnicos, a adição dessas matérias-primas verdes pode elevar significativamente o volume e a qualidade do biometano gerado. 
Neste primeiro momento, o encontro teve caráter de validação técnica. Produtores, empresários e investidores do setor de energias renováveis participaram ativamente da discussão, contribuindo com informações locais para a consolidação dos dados que embasam o projeto de uma futura usina de geração de energia a partir do biometano oriundo da suinocultura.
O objetivo, explicam os pesquisadores, é testar e validar sistemas de produção de capim-elefante voltados à alimentação de biodigestores, com base em critérios técnicos e econômicos. A proposta inclui o levantamento de custos, a mensuração do potencial de geração energética e a avaliação do retorno para o produtor rural – a discussão sobre o uso do sorgo como matéria-prima deve ocorrer em uma segunda etapa do projeto.
Além da equipe da Smap – representada pelo secretário Luiz Carlos Bombardelli e pela diretora de Desenvolvimento Agropecuário e Abastecimento, Daliana Hisako Uemura Lima - estiveram presentes produtores de capim-elefante, de leite, de suínos e de biometano, além de profissionais do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás). O painel, intitulado “Matéria Verde para potencializar a produção de Biometano”, reuniu ainda os economistas Marcelo Miele, da Embrapa/Suínos e Aves, e Samuel José de Magalhães Oliveira, da Embrapa/Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG).
Samuel, por sinal, destaca que o trabalho desenvolvido em Toledo representa uma oportunidade concreta de avanço na geração de energia limpa. Ele explica que o objetivo é compreender melhor os custos de produção do capim que será usado nos biodigestores e, assim, aprimorar o aproveitamento das chamadas culturas energéticas. “Nós vemos uma grande oportunidade de desenvolver a produção de biocombustíveis em parceria com os produtores rurais e com o município de Toledo”, constata. “Trata-se de uma pesquisa inédita na região, voltada a avaliar economicamente o cultivo do capim-elefante e de outras culturas energéticas que podem potencializar o rendimento na produção de biogás e biometano”, destaca.
Bombardelli ressalta que a discussão sobre o biometano integra uma política pública adotada pela atual gestão, voltada à sustentabilidade e à redução dos passivos ambientais. “É um tema que vem sendo amplamente debatido em encontros e oficinas que envolvem todos os elos da cadeia produtiva”, recorda o secretário. “E o trabalho conduzido pela Embrapa reforça essa estratégia, demonstrando que o uso de capins pode elevar a produção de biometano, melhorar a fermentação e ampliar o retorno econômico para o produtor rural”, acrescenta.




