O ensino de astronomia no Brasil ainda é algo considerado novo. São poucas as escolas que efetivamente contam com a disciplina na grade escolar. Na contramão, diversas cidades em todo o país tomaram a iniciativa de capacitar os professores para inclusão da disciplina em sala de aula. Em Toledo, uma parceria com o Polo Astronômico do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) tem permitido a capacitação de professores da rede municipal de ensino. Nesta semana, o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rodolfo Lang, promoveu mais um curso de formação no município.
A capacitação também acontece em diversos municípios do todo o Paraná, sendo uma iniciativa do Polo Astronômico do PTI. “Eles mantém parcerias com algumas Universidades, entre elas a Unesp, para realizar o trabalho”, explicou o professor. “Eu sou convidado periodicamente para ministrar uma parte dessa formação de professores”, comentou.
Como a capacitação acontece em diversos municípios, o professor destacou que há particularidades de cada local em que é trabalhada a capacitação de astronomia. “Existem alguns municípios que enviam os professores até o espaço do polo astronômico, que tem o planetário e o observatório. E em outras ocasiões o curso é levado até o município, como é o caso de Toledo”, contou.
Trabalhando de uma forma diferenciada, a capacitação feita no município promete um resultado promissor. “Aqui a gente tenta trabalhar as parte práticas, a metodologia de ensino e as atividades que eles podem desenvolver com os alunos. Inclusive, após o curso, eles têm que aplicar uma atividade em sala de aula, fazer um relato desse trabalho e entregar para nós. E futuramente esse relato pode ser publicado em um periódico acadêmico”, disse.
O professor ainda contou o que achou sobre o céu de Toledo. “Já vi o céu em diferentes partes do Brasil, mas em Toledo há um conjunto incontável de estrelas juntas que parecem uma nuvem, isso mesmo nem tendo escurecido totalmente. É impressionante, o céu estrelado sempre é fascinante”, finalizou.
Ensino de Astronomia no Brasil
Segundo Lang, a formação inicial dos professores na área de astronomia ainda é muito pobre no país. “Alguns cursos de formação nem astronomia têm, mas acontece que no currículo, nos órgãos oficiais que cuidam da educação brasileira, como o MEC, e nos parâmetros curriculares nacionais, deixa bem claro que é para ensinar astronomia nas escolas, no entanto os professores não são formados”, contou.
O professor ainda destacou que houve progresso na educação de astronomia no país, apesar de ser pequena comparada a outros países. Porém, segundo Lang, existe uma explicação para a dificuldade. “No nosso país, eu diria que o principal problema é a extensão territorial, o Brasil é muito grande para solucionar essas problemáticas. Não é fácil atender um país de extensões como o nosso. Existem algumas ideias de senso comum que as pessoas têm e que são diferenciadas em cada região do país, enquanto que em países pequenos isso é mais fácil de ser contornado”, explicou. Segundo ele, cada ensino deve ser mais contextualizado e local, atendendo as verdadeiras necessidades de cada região.