Nesta semana a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível promete novo leilão que deve atingir 28 municípios no mundo. A tecnologia é questionada por diversas entidades ambientais e de saúde pública. Participaram do ato em Toledo diversos segmentos da sociedade civil organizada, autoridades municipal e estadual. Também marcou presença O coordenador geral da Coalizão Não Fracking Brasil (Coesus), Juliano Bueno de Araújo.
“É o melhor exemplo de plena cidadania”, disse o coordenador da Coesus. Segundo ele, representantes do setor produtivo, lideranças políticas e empresariais e famílias demonstram o compromisso da sociedade toledana em não permitir a entrada do Fracking no município. “Um povo unido ao ‘Não Fracking Brasil’, ao ‘Não Fracking Toledo’ para garantia de que todos nós tenhamos água, uma capacidade de produção agrícola e acima de tudo o direito à vida”. Juliano parabenizou aos organizadores que demonstraram o interesse de cuidar do povo toledano. “Reforço o convite para apoiar o movimento ‘Não Fracking Toledo’, pois só assim teremos garantia de que a água contaminada não chegue a nossas torneiras, não chegue aos nossos filhos”, concluiu.
Vários grupos estiveram reunidos. Um deles caminhou desde o Jardim Coopagro com faixas e cartazes em uma procissão organizada pela Paróquia São Francisco de Assis. O Fórum das Mulheres de Toledo apresentou uma carta de repúdio ao Fracking. “Foram muitas organizações que se dispuseram a participar conosco. Vale ressaltar a presença da ACIT, Caciopar, grupos de jovens, além de diversos moradores preocupados com o fraturamento hidráulico”, afirmou o prefeito Beto Lunitti ao lembrar que o movimento é da sociedade toledana. “É preciso estar alerta e o povo de Toledo mostrou e que esta exploração não é bem vinda em nosso município”, reafirmou.
Toledo deve enviar seis ônibus ao movimento no Rio de Janeiro no dia 18 de outubro contra o leilão organizado pela ANP que autoriza a exploração do gás de xisto em novas áreas por meio do fracking. Os interessados podem buscar informações na Câmara Municipal.
O poder legislativo estadual e federal também se manifestou em Toledo por meio dos deputados estaduais José Carlos Schiavinato, que esteve presente no ato, Márcio Pacheco e Evandro Araújo, além de receber um assessor parlamentar do deputado federal Diego Garcia.
Schiavinato destacou que embora o poder de legislar sobre o sub solo compete a união os deputados estaduais buscarão outros mecanismos para barrar o fracking, dentro da competência estadual. “Estamos discutindo o marco legal de como fazer para que isto aconteça. Sabemos que a competência é do governo federal, pois a propriedade do subsolo pertence a união o que limita a ação do estado, mas nós temos outras iniciativas como esta da força popular para que os municípios façam o que foi feito em Toledo, prejudicando a concessão de alvarás, e também, fazendo com que o estado, através da secretaria de meio ambiente que dificulte a busca do gás através do fracking. Não é hora, produzimos e queremos continuar produzindo alimentos”.
Entenda a tecnologia
O fraturamento hidráulico de rocha para extração de gás de xisto é considerado nocivo ao solo. Órgãos de saúde, institutos e universidades no mundo todo já apresentaram estudos científicos que comprovam o quão danosa é esta atividade. “A contaminação provoca danos à saúde, como cânceres, problemas nos sistemas nervoso e respiratório, infertilidade, principalmente em mulheres e má formação de nascituros”, disse o coordenador Juliano Bueno de Araújo. Países como a Inglaterra, França, Canadá, Estados Unidos, Argentina e Austrália tem problemas com a utilização deste tipo de matriz energética. Milhares de produtores rurais tiveram suas lavouras impactadas e alimentos não podem ser exportados.
No Paraná existem vários lotes que foram comercializados e a exploração pode causar sérios danos ao meio ambiente. “Nós não podemos deixar que um município e um estado que tem tanta significância na produção de grãos e alimentos seja dizimado por uma tecnologia exploratória que traz tantos riscos de contaminação por materiais tóxicos e radioativos”, concluiu.
Com informações da SECOM