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EDUCAÇÃO

Discussões do Fórum da Diversidade auxiliarão professores no acolhimento em sala de aula

Embalada pela bela apresentação do Coro Municipal Juvenil Águas de Março, de Pato Bragado, a Secretaria Municipal de Educação abriu, na terça-feira (21), o II Fórum Municipal da Diversidade. A ação acontece no Centro Cultural Ondy Hélio Niederauer, na Vila Pioneiro, e trata a construção de políticas públicas na educação, a partir do debate das diretrizes do Plano Nacional de Educação (PNE) para a etnicidade, expressões afro-brasileiras, religiosidade, migração, identidades indígenas, quilombola, sexualidade, educação inclusiva e direitos humanos.

21/10/2015 - 21:03


Após o espetáculo do coral, foi composta a mesa de honra com a presença de diversas autoridades. O presidente da Câmara Municipal, vereador Ademar Dorfschmidt, destacou a importância do respeito aos diferentes. Para ilustrar sua fala, Ademar iniciou seu discurso língua alemã. “Poucos compreenderam o que eu disse. Em 1978, no meu primeiro dia na escola, eu cheguei a unidade escolar sem falar uma só palavra em português. Minha professora me abraçou e me acolheu. O gesto me confortou e permitiu que eu continuasse ali”. O vereador frisou que hoje as diferenças são outras, mas a atitude precisa ser a mesma. “A Escola precisa ser acolhedora, por isso é preciso que os professores saibam atender cada aluno em sua individualidade”, comentou. Além de Ademar, a vereadora toledana Sueli Guerra e o vereador cascavelense Paulo Porto estiveram presentes no ato.

A atribuição do II Fórum Municipal da Diversidade é tornar a educação mais humana e a escola pública ainda mais democrática, trazendo igualdade para dentro da sala de aula. “Estamos tratando a Diversidade com embasamento científico e partir disso o nosso encontro deu abertura ao trabalho das universidades, por meio de seus pesquisadores”, disse a secretária da Educação, Tania Elisete de Grandi, que no ato representou o prefeito Beto Lunitti. Os professores municipais, conforme ela, pelo preparo que tem, estão cientes do enfrentamento da realidade abordada. “São detentores de uma formação sólida, integrantes de um processo de estudo continuado promovido pela SMED, e que vai para a sala de aula preparado, munidos de informações documentais vigentes em nosso país, estado e município”. Tania ainda acrescentou que o Conselho Municipal de Educação (CME) é sabedor e acompanha todas as discussões e ações em prol do melhor encaminhamento das atividades junto aos estudantes toledanos.

Após a abertura, que contou com diversas autoridades, os professores participaram de dois momentos. O primeiro tratou à ‘Diversidade e Políticas Públicas Nacionais’, com Vanice Schossler Sbardelotto, e o segundo ‘Gênero e Direitos Humanos’, com Rosana Nazari. “Todos os palestrantes que participam do Fórum tem conhecimento científico testado e aprovado para tratarem das temáticas da diversidade nas perspectivas estaduais e nacionais”, disse Tania.

CME classifica estudo da Diversidade como desafio

O II Fórum Municipal da Diversidade, segundo o vice-presidente do Conselho Municipal de Educação (CME) Flávio Scherer, traz um desafio a ser enfrentado pela Educação. A Prefeitura, com a ação, promove um momento de reflexão sobre a necessidade de entender a temática ‘Diversidade’. “Esta formação deveria ser realizada já nas universidades, o que não acontece ainda. Com isso o município e o estado assumem seu papel de orientar os seus professores”. Conforme Flávio, essa discussão não é nova, mas agora ela tem vindo à tona e aflorado alguns discursos mais extremistas. “É algo que não está restrito ao Brasil. É uma questão mundial e o que percebo é que está havendo um regresso. Estamos voltando ao tempo das cavernas. Alguns representantes da sociedade, apesar de se intitularem evoluídos, globalizados, não toleram as diferenças”.

O vice-presidente do CME afirmou que esta abordagem tem o aval do Conselho. “Nós fizemos as normas para a Educação Especial Inclusiva em conjunto com diversos setores. A inclusão requer a participação de professores e traz um ônus para o poder público porque precisa investir na formação dos servidores municipais. Nunca foi feito um trabalho de base como o que existe hoje”. Esta ação mais efetiva, de acordo com Flávio, para algumas pessoas, é uma forma de desvirtuar o conceito de família tradicional e focar apenas na questão da sexualidade e gênero. “A discussão vai além. Estamos falando da pessoa com deficiência, seja ela motora, visual, auditiva, intelectual ou qualquer outro impedimento. Temos também o índio, o negro, o imigrante e toda a diversidade étnica. Estas são as principais questões que precisam ser abordadas e, junto com elas, vêm também estas duas situações. Não podemos desconstruir um trabalho por não concordar que existem outras formas de encarar a sexualidade e a diversidade de gênero”.

Flávio acrescentou também que a preparação é para que os professores tenham condições de lidar com as diferenças e não promovê-las. “Não estamos querendo que os professores instruam seus alunos com base no senso comum. Tudo tem seu conteúdo científico e pedagógico. Nenhum educador vai ensinar a menina a deixar de ser menina, nem o menino a deixar de ser menino. Mas dar subsídios para que se trabalhe as opções de cada um dentro de sala de aula, acolhendo este aluno e tornando-o igual perante os outros estudantes”, comentou.

A secretária de Educação, Tania de Grandi, acrescentou que o Fórum trata a construção de políticas públicas na educação. “Assim como é garantido na constituição o direito de todos, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) entende que ‘todos’ envolve o diferente, o diverso. O Fórum vai dar suporte às escolas e centros municipais de educação infantil para o entendimento e a discussão das políticas públicas que envolvem a diversidade, a luz do Plano Nacional de Educação, do parecer técnico do Ministério da Educação (MEC), alinhado ao descrito no Plano Municipal de Educação. O trabalho aqui diz respeito à diversidade que já está na escola, com seu direito garantido pela Constituição Federal e pela legislação vigente no país”.

Tania disse ainda que na quarta-feira (21) foram estudados os documentos oficiais relacionados à educação no âmbito nacional e municipal, além das questões referentes aos povos indígenas. Para a quinta-feira (22) está prevista a discussão da inclusão das pessoas com necessidades especiais. “Esta discussão começou ainda em 2008 quanto o MEC decidiu acabar com as salas especiais que tínhamos nas escolas. Os alunos que frequentavam estes espaços foram inseridos nas turmas regulares e hoje não temos estas diferenças. O sistema educacional precisa potencializar este sujeito que tem uma deficiência, seja ele cego, surdo ou com alguma limitação motora, e trazer este individuo para frequentar nossas salas de aula junto com qualquer outra pessoa”.

Professores avaliam o encontro

Para os professores a formação vai proporcionar condições para um melhor trato com as diferenças em sala de aula. “Em determinadas ocasiões, em sala de aula, o educador não se posiciona pela falta de subsídio. Não estamos sendo doutrinados, como alguns podem pensar, estamos entendendo, a partir de explanações de estudiosos, como respeitar a diferença que muitas vezes encontramos em nossas salas de aula”, afirmou a diretora da Escola Municipal Olivo Beal, Roni Martinelle. “Posso ter um aluno obeso na minha escola e que seja segregado pelos colegas, posso ter uma criança transexual, como a ciência já apresentou, com nome e órgão genital masculino e ser uma menina e vice-versa. Como vamos lidar com estas situações sem entender este processo? O Fórum está trazendo o conhecimento para tratarmos destas situações”, concluiu.

O diretor da Escola Municipal Norma Demeneck Belotto, Alexssandro Morgenroth, afirmou que a Diversidade está na matriz curricular das escolas municipais e para a sociedade ainda é um tabu. “A Educação não pode, por sua essência, seguir pelo caminho da intolerância. As pessoas que tem pouca compreensão sobre este tema deveriam fazer como os professores, diretores e coordenadores: sentar aqui e estudar”, concluiu. 

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