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AMBIENTE

Toledo vai contar com escritório regional da 350.orgBrasil

O objetivo do escritório regional é fortalecer a mobilização de resistência ao fracking

21/08/2017 - 14:35


Toledo é referência nacional e internacionalmente na luta contra o fracking, fraturamento hidráulico utilizado para realizar perfurações e extração de gás xisto. Para fortalecer esta luta e desenvolver medidas preventivas para uma possível ofensiva das empresas na região, a Organização não Governamental 350.orgBrasil traz a Toledo seu escritório regional. A expectativa que a ONG se instale no município até final deste ano.

A decisão foi comunicada durante a reunião de planejamento de metas e objetivos para 2018 contra as perfurações no Brasil, realizada recentemente na Ilha do Mel. A escolha do município como um dos pontos de combate ao fracking é resultado dos trabalhos voluntários acerca da legislação contra o fraturamento hidráulico, como a Carta do Oeste Contra o Fracking e a marcha Não-Fracking Toledo.

“Toledo não precisa dessa forma de energia. Temos outras formas, como por exemplo, o biogás, através dos dejetos de suínos”, comentou a engenheira agrônoma e ativista, Tika Zilmer. Estudos da Itaipu Binacional apontam que a região oeste do Paraná é a maior em incidência de raios solares para a produção de energia heliotérmica. “Ou seja, se fossem colocados painéis solares em aviários e propriedades rurais produziriam muita energia, mais limpa e menos impactante ao meio ambiente”.  

fracking também é incompatível com a produção agrícola devido aos riscos que oferece aos alimentos. “Nossos aquíferos seriam contaminados caso permitíssemos a perfuração para a extração do gás xisto, causando riscos à saúde. A água contaminada comprometeria a produção agrícola e pecuária, afetando inclusive a exportação destes produtos”, salienta Tika.

Toledo é um dos poucos municípios com a legislação municipal atualizada, que proíbe o trânsito dos caminhões vibratórios, responsáveis pelos pelos de aquisição sísmica (caminhões esses que provocam micro tremores) em roda a sua extensão territorial.

Há ainda a Lei Estadual 18.947/2016, que suspende por dez anos o licenciamento ambiental de qualquer atividade de perfuração e exploração de gás xisto através do Fracking. Para o coordenador regional e latino-americano da 350.orgBrasil e coordenador regional da COESUS, Reginaldo Urbano Argentino, mais uma vez Toledo tem a oportunidade de resistir e não se curvar perante a indústria dos combustíveis fósseis. “Se não queremos que se explore o gás de xisto, então não devemos aceitar estas pesquisas”.

Fracking

O processo de fraturamento hidráulico é uma tecnologia desenvolvida para extração de gás de xisto em camadas ultraprofundas. Ele consiste na perfuração do solo, por meio de uma tubulação, por onde são injetados de sete a 15 milhões de litros de água e mais de 600 produtos químicos - inclusive substâncias que seriam cancerígenas. Grande quantidade de água é usada para explosão das rochas, e os produtos químicos, para mantê-las abertas para passagem do gás. Além da alta contaminação subterrânea, cerca de 15% da água poluída com os resíduos tóxicos retorna à superfície, sendo armazenada em “piscinões” a céu aberto. Pesquisas relacionam o uso do fracking às mudanças climáticas, favorecendo secas, enchentes, tufões e terremotos. Além do prejuízo ambiental, o prejuízo econômico também é alto, uma vez que diversos países já não importam alimentos produzidos em solo contaminado pelo método.

 

Texto: Daniel Felício 

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