Os deputados estaduais Rasca Rodrigues, José Carlos Schiavinatto, Fernando Scanavaca e Marcio Nunes, juntamente com os vereadores de Toledo Vagner Delabio e Tita Furlan participaram da Missão Não Fracking na América Latina, no Senado Argentino promovido pela pela 350.org e COESUS - Coalizão de Não Fracking Brasil, o Observatório Latino americano Del Fracking e pelo senador argentino Pino Solanas, que preside a Comissão de Meio Ambiente do Senado argentino. O objetivo do encontro era conhecer a experiência com o Fracking, em um país onde a tecnologia já é utilizada e os seus impactos ambientais e sociais. Os parlamentares foram a campo e acompanharam de perto a realidade no país vizinho.
O vereador toledano Vagner Delabio conta que a Conferência Internacional reuniu representantes do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai e que discutiu diversos temas relacionados ao meio ambiente, mas o que mobilizou a comitiva brasileira foi a questão do frarcking. “Lá se falou da questão do transgênico, do extrativismo do petróleo convencional e também do Fracking. Na minha fala deixei claro que o foco da nossa viagem era o fracking”.
Delabio conta que a linha do debate sobre esta tecnologia no Senado Argentino é a mesma do discutida no Brasil. “Discutimos a questão dos efeitos colaterais do Fracking, a questão da contaminação do solo, do ar e da água e a destinação dos dejetos provocados pela extração – esta água que volta junto com os componentes químicos. Nós registramos piscinas abertas no meio do deserto de Neuquém”.
As consequências sociais do uso do fracking foram observadas de perto pelos parlamentares. “Percebe-se que nas regiões onde se opera com o fracking, a população nativa não está sendo beneficiada. Percebi na cidade de Ainhelo que a infraestrutura da cidade deixa muito a desejar e um representante da prefeitura nos relatou que recebem todos os dias famílias que vão até lá para trabalhar na extração tanto do petróleo convencional, quanto no fracking e o município tem que atendê-las e não recebe royalties , não entra nada nos cofres municipais para que se possa prestar serviços as pessoas que chegam”.
Outra experiência conhecida pela comitiva brasileira foi a realidade dos índios mapuches. “Os índios receberam quase nada pela indenização de suas terras e hoje a comunidade indígena não pode circular na região onde foram criados. No local tem um posto de controle de entrada e saída feito pela IPF – a empresa mista que detém a autorização da exploração do petróleo lá”.
Vagner Delabio relata que a comitiva pode observar in loco aquilo que foi apresentado nos eventos do Fracking realizado em Toledo. “Percebemos em todas as vozes que se pronunciaram a mesma preocupação nossa do impacto ao meio ambiente e inclusive isso constamos nos relatos das pessoas que moram lá, até mesmo a extração convencional do petróleo já provoca grandes prejuízos ao meio ambiente. E o que vimos também, e nos preocupa, é que as empresas mineradoras começam a extração no deserto e avança para as cidades. Nós registramos isso, ou seja, não existe limite para a ganância. A voz é única na América Latina daquilo que vimos na nossa cidade”.
O vereador conta que a mobilização internacional contra o francking está mais avançada do que no Brasil. “O nosso país entra agora nesta luta. Percebi que outros países da América Latina estão em nossa frente, mas o que teve de muito positivo, neste encontro, foi a aproximação do Brasil a este grupo da América Latina que já está na luta contra o fracking”.
Encaminhamentos
Delabio explica que a Acamop irá criar Câmaras para discutir as regiões metropolitanas e dentro destas equipes terá uma pessoa responsável pelo debate do Fracking. “Já me coloquei a disposição e participarei de uma reunião que acontece nesta semana. Em paralelo a isso, quando estive em Brasília, deixei uma agenda indicativa com a bancada do Paraná. Nesta semana estarei conversando com o deputado João Arruda (PMDB) e ele vai nos abrir um espaço para que possamos falar a toda a bancada. Estaremos trabalhando para acelerar um Projeto de Lei do Sarney Filho que prevê uma moratória de cinco anos para exploração do Fracking no Brasil. Queremos sensibilizar o deputado que está com a relatoria do projeto – o Cilas Brasileiro. Queremos sensibilizar também os deputados paranaenses e consequentemente os demais deputados, porque nós sofremos aqui no Brasil, como na Argentina, com a falta de informação, no nosso caso especificamente a desinformação dos parlamentares, pois são eles que podem interferir diretamente no assunto”. Delabio destaca que a atuação da Câmara na questão do Fracking será reconhecida, no mês de dezembro, na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP21, em Paris.
Susto
O vereador Vagener Delabio lembra que o local onde acontecia o encontro teve de ser deixado com urgência após uma ameaça de bomba. “Quando o senador Pino Solanas pedia para que todos mantivessem a calma, eu já fiquei desesperado. Tinha mais de 200 pessoas que tiveram que evacuar o local, veio o esquadrão antibomba que descartou a ameaça. Foi uma pressão, um trote, para desestabilizar o encontro”. Durante o dia, segundo relatos da imprensa argentina, outras repartições públicas em Buenos Aires sofreram a mesma ameaça.